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'Acendi um incenso.
No rádio, Chico canta Vai passar.
Sim, vai passar. Passa. Passará.'

Eu tenho medo de tudo aquilo que fere meu ego. Tenho medo do que me traz aquela velha sensação de frio na barriga e em seguida o sufoco que não mata, mas aperta e não se pode prevenir e muito menos remediar. Odeio essas coisas, esses pequenos fragmentos inicialmente desconhecidos que quando dou conta me dominaram por inteiro. Sei que tudo isso pode aumentar sem que eu possa controlar, cada vez mais e mais. O ideal seria ter o poder de dizer ‘Chega’ ou ‘Continue’, quando fosse conveniente. Mas, pelo menos, se não surtir efeito o ideal e natural é que tudo se acabe, até que eu tenha outros motivos pra sentir e passar por tudo aquilo de novo, e sempre. E o lamentável é que, inevitavelmente, eu me aproveito disso pra me fazer de vítima. E eu não sou a única vítima. De certa forma todos nós somos vítimas desse beco quase-sem-saídas que é o amor.

Das que como eu acreditam

"É verdade que o mundo não se limpa de guerras, não se lava do sangue, não se corrige do ódio.
É verdade.
Mas é igualmente verdade que nos aproximamos de uma evidência: os poderosos se refletem no espelho do mundo e seu rosto não é bonito nem para si mesmos.
E continuo acreditando na possibilidade do amor. Tenho a certeza do entendimento entre os seres humanos, logrado sobre a tristeza, sobre o sangue e sobre os cristais quebrados. "

Não me diga que estou errada, cada vez mais vejo a vida como essa roda-gigante. Ora estamos em cima, somos feliz, nos divertimos com aquele friozinho na barriga, amor. Mas para fazer jus ao nome-roda- ela gira, e como eu te disse meu querido, ora estamos em baixo.. sós, sem friozinho, sem nada...
Mas espero, calmamente, ela girar de novo. E espero, amor, para que seja eterno enquanto durar.

"Somos inocentes em pensar que sentimentos são coisas passíveis de serem controladas. Eles simplesmente vêm e vão, não batem na porta, não pedem licença. Invadem, machucam, alegram. São imprevisíveis e sua única regra é a inconstância total. É irônico que justamente por isso, eles sejam tão perfeitos."

- Caio Fernando Abreu-